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Evangelização pela arte:

a beleza que compõe os sertões de Catuçaba

Artigo publicado no jornal "O Lábaro", da Diocese de Taubaté/SP

Quem passa pelas proximidades do km 50 da Rodovia Oswaldo Cruz, indo para Ubatuba, logo depois da entrada de São Luiz do Paraitinga, não imagina a surpresa que lhe é reservada se tomar aquela estradinha colada à ponte, com destino a Catuçaba – “um lugar bom de morar”, na linguagem tupi e na afirmação de Waldemar Scudeller e sua mulher Clarice Scudeller. O caminho – asfaltado – serpenteia um riacho por catorze quilômetros, engolindo uma paisagem paradisíaca, embevecendo o viajante de tanta paz, que é preciso tomar cuidado, se estiver ao volante, para não se desencontrar entre tanta beleza e chegar ao paraíso mais cedo do que pretende.

 

Um caminho diferente

Pouca gente imagina que naquele sertão uma família, vinda de longe, construiu uma das mais expressivas oficinas de arte sacra e “alta costura” litúrgica de todo o Brasil, conhecida e respeitada até no exterior.

Waldemar e Clarice, empresários bem situados da região de Assis-SP, largaram tudo – entre outros empreendimentos, dois postos de gasolina no meio do caminho entre a sua cidade e a cidade de Londrina-PR, com um restaurante para oitocentas mesas – para viver, em Catuçaba (bairro rural que pertence a São Luiz do Paraitinga), o carisma do “Caminho Neo Catecumenal” que haviam abraçado. A proposta foi feita pelo então bispo de Campo Mourão-PR , dom Virgilio de Pauli, inicialmente para ajudar um padre que fora seu aluno e que se encontrava seriamente doente. Era o ano de 1986.

Os destinos da Providência

O casal Scudeller tem uma história belíssima, muito rica, suficiente para um livro empolgante. Sua ligação com a Igreja, com padres e bispos, vem de muito tempo, desde o trabalho no posto de gasolina e no restaurante, onde “padre não pagava” e de onde começou tudo, a partir de uma estola, presente que dona Clarice bordou para dom Antonio de Souza, bispo de Assis-SP.

Os dois não abrem mão do caráter evangelizador que norteou-lhes o ideal e a coragem de se instalarem em um lugar tão longe e diferente do lugar em que moravam. A escolha pelo ramo da costura e dos bordados de paramentos litúrgicos e alfaias que compõem o cenário das celebrações de igrejas nos mais distantes rincões do país, não foi um acaso, mas uma das surpresas que a Providência Divina lhes reservou. Um trabalho que não lhes rende o que rendia o restaurante de Tarumã-SP, mas que os ajuda a manter o culto e as despesas da capela e da biblioteca – hoje com oito computadores – que mantém as crianças longe da rua e os ensina os rudimentos da informática. Enriqueceu-os “apenas” da felicidade de fazerem parte de um projeto evangelizador que transformou a pequena comunidade de São Pedro de Catuçaba.

A “cliente” mais famosa

Hoje a oficina cresceu, ganhou o nome de “Oficina Artística Pe. Efraim Stevanin”, mas conserva a modéstia, e é ainda muito pequena diante da importância que adquiriu com o passar dos anos. São passadeiras, costureiras, cortadeiras e bordadeiras que aprenderam o “metiê” por ali mesmo, lideradas pela filha do casal, Rosana, além de um jovem artista que compõe os desenhos e que trabalha na recuperação de peças sacras, como esculturas e quadros.

Os paramentos da Senza Rivalli – nome escolhido para a empresa – já vestiram desde os mais notáveis clérigos da Igreja no Brasil, e até mesmo o Papa João Paulo II, ao mais modesto dos párocos do “interiorzão” do país. Entre as grandes alegrias dos Scudeller, o manto que veste a imagem “verdadeira” de Nossa Senhora Aparecida, em exposição na Basílica Nacional, é uma peça feita por eles.

Família Scudeller - proprietários da empresa Senza Rivali
Fábrica Senza Rivali
Clarice Scudeller mostrando uma peça confeccionada na empresa Senza Rivali
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